quinta-feira, 22 de junho de 2017

OS URSOS NO CARNAVAL DE MOSSORÓ




Todo ano é a mesma coisa. Pelo menos um mês antes do carnaval eles aparecem. São crianças e adultos fantasiados de ursos que saem às ruas da cidade, seguidos ao som de tambores e taróis, pedindo dinheiro a quem passar pela frente. Para uns, é apenas uma maneira disfarçada de mendigar; para outros, é o último vestígio dos áureos tempos dos carnavais de Mossoró.
Os ursos que se espalham pela cidade nesta época do anos, alimentando o medo das crianças  e a curiosidade dos adultos (ou a irritação), encontram na figura folclórica da fera aprisionada um misto de alegria e fantasia, além da oportunidade de ganhar algum dinheiro, que no final é distribuído entre os participantes da troça.
Não se sabe quando nem quem primeiro se fantasiou de urso em Mossoró. Mas quem fez, com certeza se inspirou numa das brincadeiras mais estimadas do carnaval do Recife que é a La Ursa; o urso do carnaval cujas origens encontram-se nos ciganos da Europa que percorriam a cidade com seus animais presos numa corrente, que dançavam de porta em porta em troca de algumas moedas, ao som da ordem: “dança la ursa!”
Nesse tipo de brincadeira do carnaval pernambucano, a figura central é o urso, geralmente um homem vestindo um velho macacão coberto de estopa, veludo, pelúcia ou agave. As máscaras, que no início eram feitas de papel-machê pintadas de cores variadas, deram lugar ao plástico de diversos formatos. Na brincadeira, o “urso” é preso por uma corda na cintura, segurado pelo domador, e dança para a alegria de todos ao som de toadas do próprio grupo ou sucessos das paradas carnavalescas, podendo variar para o baião, forró, xote e até polca. A orquestra do urso de carnaval é geralmente formada por sanfona, triângulo, bombo, reco-reco, ganzá, pandeiro, havendo outras mais elaboradas onde aparecem violões, cavaquinhos, clarinetes e até trombones. O conjunto traz, por vezes, além do domador, do urso e da orquestra, o tesoureiro, porta-cartaz ou porta-estandarte, balizas e outros elementos que lá estão só para brincar o carnaval.
Os ursos do carnaval de Mossoró não chegam a ser tão organizados. A maioria dos grupos é formada por crianças, onde uma ou mais se disfarçam de ursos, com fantasias feitas geralmente com material reciclado, enquanto o restante segue com a batucada que é formada por bombo e taróis, ou simplesmente latas. Não cantam; apenas tocam seus instrumentos de percussão, enquanto o urso evolui, fazendo piruetas, correndo atras de crianças ou abordando os adultos em busca de dinheiro.
Alguns foliões se fantasiam de ursos já há bastante tempo. Pesquisando nos jornais locais,  encontrei uma entrevista com um foliões nas páginas deste centenário jornal “O Mossoroense”, onde o marceneiro  Francisco Lauro dizia que se fantasiar de urso era um sonho de criança. “Eu quando pequeno acompanhava ursos para me divertir e sonhava um dia poder divertir crianças com a mesma intensidade que sentia”. Às vezes acontecem imprevistos, como o que relata Francisco Lauro: certa vez, o folião saiu fantasiado de urso com seus amigos, cercado de crianças, quando se dirigiu a um homem para pedir dinheiro. Em vez do dinheiro pedido, o homem puxou uma arma e a correria foi grande, afirma o marceneiro.  Sem saber o que fazer nem ter tempo para correr, e já esperando pelo pior, Francisco Lauro teve a idéia de cair e se fingir de morto, numa cena hilária. O resultado foi que o homem acabou esquecendo a raiva e caindo na gargalhada. “E tudo acabou numa boa”, explica o folião.
Divertindo, assustando ou irritando, seguem os “ursos” com suas maneiras exóticas de brincar o carnaval, mantendo viva uma tradição que é passada de geração a geração.
FONTE – O MOSSOROENSE – FOTO: MOSSORÓ  NOTICIAS

BLOCOS, ESCOLAS DE SAMBA E BLOCOS CARNAVALESCOS



1. Ursos
2. Tribo de Índio Flecha Ligeira
3. Bloco Explosão do Ouro Negro
4. Bloco Explosão Potiguar
5. Bloco Galo da Madrugada
6. Bloco Oligarquia do Frevo
7. Bloco Explosão da Riachuelo
8. Bloco Baraúna
9. Bloco Salinistas
10. Bloco Bacharéis da Folia
11. Escola de Samba Balanço da Mocidade
12. Maracatu Coroa de Ouro
13. Escola de Samba Acadêmico dos Salinistas
14. Maracatu Reis de Paus

15. Escola de Samba Imperatriz da Zona Norte
FOTO - Francisco Chagas, presidente da Escola de Samba Imperatriz da Zona Norte, Mososró-RN

CRISTINA GOMES PAULISTA

Cristina Comes Paulista, a Cristina dos Pimpões, nasceu em Mossoró em 11 de junho de 1914, sendo filha de Bonifácio Gomes de Melo e de Sabina Raquel do Amorim. Casou com Omarque Manuel Paulista, com quem teve cinco filhos, que lhe deram netos e bisnetos.                Era uma pessoa simples que amava o carnaval. E fazia dessa paixão a razão de sua vida. Lavava roupa, como profissão. Até se orgulhava desse trabalho, por que foi com o dinheiro ganho nas lavagens que pode criar e educar os seus filhos. Simples era também a casa onde ela morava, na rua Juvenal Lamartine, 872. Simples, mas cercada de grandeza espiritual.                Desde criança amava o carnaval. A alegria, o colorido das fantasias, as marchinhas carnavalescas, tudo lhe dava grande contentamento. Viu o bloco “Pimpões” ser fundado em 1924, sendo os seus idealizadores e também primeiros dirigentes Pedro Pequeno, Durval e Rafael. E apesar de ainda ser criança, com 10 anos de idade, desejava participar. Ficava deslumbrada com os preparativos, não tardando a ensaiar os primeiros passos de frevo. A primeira participação de Cristina nos desfiles dos Pimpões aconteceu dois anos depois da fundação do bloco, ocasião em que a foliã contava com apenas 12 anos de idade. Saiu como passista em uma ala de moças. Foi uma das maiores alegrias de sua vida. Passou a desfilar todos os anos e era uma das mais esforçadas na preparação da agremiação. Por volta de 1930 assumiu a direção do bloco, para só deixa-la com sua morte. E esse sempre foi o seu desejo. Dizia ela: “Vou brincar carnaval até morrer. E quando as minhas pernas velhas não mais aguentarem, compro uma cadeira de rodas e saio desfilando na frente do bloco totalmente fantasiada”.                Tornou-se ícone do carnaval de Mossoró. Sempre a frente do seu bloco, terminou associando o seu nome ao nome da agremiação, não mais sendo conhecida como Cristina Gomes, e sim como Cristina dos Pimpões. Por essa paixão, não conhecia fronteiras e com o próprio esforço sempre comprou as suas fantasias. Confessou que o carnaval só lhe deu alegria, apesar do trabalho e dos gastos para botar o bloco na rua. Sempre se manteve fiel às tradições dos Pimpões, não permitindo outras cores além do verde, amarelo e branco.                Consta que por várias vezes Cristina foi procurada por carnavalescos desejosos de transformar os Pimpões em Escola de Samba. Conservadora que era, em todas às vezes respondia: “Enquanto eu for viva, meu bloco é do povo, das ruas e do frevo”.                Em 1995 os Pimpões foi à única agremiação na categoria blocos que desfilou no carnaval. E como havia uma premiação para os primeiros colocados, acabou recebendo o troféu de 1º lugar da categoria. Foi receber a premiação, mas expressou a sua insatisfação com aquela situação. Gostava de competir. Receber o troféu sem concorrência era até vergonhoso. Custava-lhe muito preparar o bloco e a recompensa era exatamente o reconhecimento dos jurados. Não importava para ela a classificação que recebia, desde que fosse concorrendo com outros blocos. Mas já naquela época, o carnaval de Mossoró estava decadente e aquele foi o último carnaval de Cristina dos Pimpões.                Faleceu no dia 09 de dezembro de 1996, aos 82 anos de idade, vitimada por uma infecção generalizada. Estava preste a completar o seu 70º carnaval. Mossoró reconheceu o seu esforço emprestando o seu nome a uma rua da cidade. Não Cristina Gomes Paulista, mas Cristina dos Pimpões.
FONTE -  GERALDO MAIA

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AMO A NOSSA QUERIDA E AMADA CIDADE DE MOSSORÓ, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, SITUADA NA MESORREGIÃO OESTE POTIGUAR, TERRA DE SANTA LUZIA