Cristina Comes Paulista, a Cristina dos Pimpões, nasceu em Mossoró em 11
de junho de 1914, sendo filha de Bonifácio Gomes de Melo e de Sabina
Raquel do Amorim. Casou com Omarque Manuel Paulista, com quem teve cinco
filhos, que lhe deram netos e bisnetos.
Era uma pessoa simples que amava o carnaval. E fazia
dessa paixão a razão de sua vida. Lavava roupa, como profissão. Até se
orgulhava desse trabalho, por que foi com o dinheiro ganho nas lavagens
que pode criar e educar os seus filhos. Simples era também a casa onde
ela morava, na rua Juvenal Lamartine, 872. Simples, mas cercada de
grandeza espiritual.
Desde criança amava o carnaval. A alegria, o colorido das
fantasias, as marchinhas carnavalescas, tudo lhe dava grande
contentamento. Viu o bloco “Pimpões” ser fundado em 1924, sendo os seus
idealizadores e também primeiros dirigentes Pedro Pequeno, Durval e
Rafael. E apesar de ainda ser criança, com 10 anos de idade, desejava
participar. Ficava deslumbrada com os preparativos, não tardando a
ensaiar os primeiros passos de frevo. A primeira participação de
Cristina nos desfiles dos Pimpões aconteceu dois anos depois da fundação
do bloco, ocasião em que a foliã contava com apenas 12 anos de idade.
Saiu como passista em uma ala de moças. Foi uma das maiores alegrias de
sua vida. Passou a desfilar todos os anos e era uma das mais esforçadas
na preparação da agremiação. Por volta de 1930 assumiu a direção do
bloco, para só deixa-la com sua morte. E esse sempre foi o seu desejo.
Dizia ela: “Vou brincar carnaval até morrer. E quando as minhas pernas
velhas não mais aguentarem, compro uma cadeira de rodas e saio
desfilando na frente do bloco totalmente fantasiada”.
Tornou-se ícone do carnaval de Mossoró. Sempre a frente
do seu bloco, terminou associando o seu nome ao nome da agremiação, não
mais sendo conhecida como Cristina Gomes, e sim como Cristina dos
Pimpões. Por essa paixão, não conhecia fronteiras e com o próprio
esforço sempre comprou as suas fantasias. Confessou que o carnaval só
lhe deu alegria, apesar do trabalho e dos gastos para botar o bloco na
rua. Sempre se manteve fiel às tradições dos Pimpões, não permitindo
outras cores além do verde, amarelo e branco.
Consta que por várias vezes Cristina foi procurada por
carnavalescos desejosos de transformar os Pimpões em Escola de Samba.
Conservadora que era, em todas às vezes respondia: “Enquanto eu for
viva, meu bloco é do povo, das ruas e do frevo”.
Em 1995 os Pimpões foi à única agremiação na categoria
blocos que desfilou no carnaval. E como havia uma premiação para os
primeiros colocados, acabou recebendo o troféu de 1º lugar da categoria.
Foi receber a premiação, mas expressou a sua insatisfação com aquela
situação. Gostava de competir. Receber o troféu sem concorrência era até
vergonhoso. Custava-lhe muito preparar o bloco e a recompensa era
exatamente o reconhecimento dos jurados. Não importava para ela a
classificação que recebia, desde que fosse concorrendo com outros
blocos. Mas já naquela época, o carnaval de Mossoró estava decadente e
aquele foi o último carnaval de Cristina dos Pimpões.
Faleceu no dia 09 de dezembro de 1996, aos 82 anos de
idade, vitimada por uma infecção generalizada. Estava preste a completar
o seu 70º carnaval. Mossoró reconheceu o seu esforço emprestando o seu
nome a uma rua da cidade. Não Cristina Gomes Paulista, mas Cristina dos
Pimpões.
FONTE - GERALDO MAIA
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